terça-feira, 16 de maio de 2017

O Centenário de Fátima


Há exatos cem anos, mais precisamente aos treze dias do mês de maio do ano da Graça do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1917, ao meio-dia, Nossa Senhora apareceu, pela primeira vez, na Cova da Iria, na Serra de Aire, na Freguesia de Fátima, no Concelho de Ourém, no Distrito de Santarém, na região portuguesa de Lisboa e Vale do Tejo, diante dos três pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco, iniciando aquele que foi e é, sem sombra de dúvida, um dos maiores e mais belos milagres de toda a História de Portugal, do Mundo Lusíada, da Cristandade e do Orbe Terrestre.
                Em suas luminosas Mensagens ao Mundo Lusíada, conferência dedicada à Santíssima Virgem e proferida nas comemorações centenárias da Diocese de Viseu, terra de muitos de seus antepassados paternos, Plínio Salgado, baseado nas igualmente luminosas páginas da obra Fátima: Graças-Segredos-Mistérios, de Antero de Figueiredo,[1] assim descreveu o primeiro encontro da Nossa Mãe e Rainha dos Céus com os pastorinhos, crianças tão humildes que só possuíam de seu “os rosários, tesouros que não se desvalorizam e únicos que se levam para o Céu feitos colares de estrelas”:[2]
No campo despovoado nenhum rumor. No céu, nenhuma nuvem. É meio-dia, brilha o sol de maio. As aves procuram as sombras. É nesse momento que lhes aparece, na fronde da azinheira próxima, uma linda Senhora.
Estremecem de susto os pastorinhos. Querem fugir. A Senhora (que parece da idade de uns 18 anos e resplandece numa luz dourada) tranquiliza-os:
- Não tenhais medo, que não vos faço mal.
Enquanto Jacinta e Francisco quedam estarrecidos, Lúcia, a mais velhota e a mais afoita, pergunta à encantadora Aparição:
- De onde é vossemecê?
- Sou do Céu – responde a Senhora, apontando para o Alto.
Pede-lhes que venham ali todos os dias 13 de cada mês, até outubro, prometendo revelar-lhes um segredo e transmitir uma mensagem.
Corre o mês de maio (mês de Maria); o colóquio terminará em outubro (mês do Rosário...).
Começa o Poema, que arrebata as multidões, e a multiplicação das graças entre as quais sobreleva, como nenhuma outra, a obra recristianizadora de Portugal.
É uma nova mensagem ao mundo lusíada...[3]
Sim, a mensagem da Santíssima Virgem de Fátima, que, como tudo o que vem de Deus, “tem forma de poesia puríssima e altíssima”,[4] foi e é, como a mensagem silenciosa de Nossa Senhora Aparecida no Brasil, nos albores do século XVIII, uma mensagem ao Mundo Lusíada, bem como a todo o Orbe Terrestre.
Como bem disse Plínio Salgado, este tão nobre quanto pouco conhecido Adail da Fé e do Império, “profeta incandescente e sublime de seu povo” e “encarnação viva do Brasil melhor”, nas palavras de Francisco Elías de Tejada y Spínola,[5] a mensagem da Virgem de Fátima visa, antes e acima de tudo, a conversão dos pecadores e “as preces que solicita são para que se extirpe da face da terra certo pecado que o entendimento das crianças não pode compreender”. Tal pecado é, como aduziu o autor da Vida de Jesus (Plínio Salgado), exatamente o pecado contra aquela dignidade que Nossa Senhora veio restaurar no Gênero Humano, restituindo-lhe a nobreza perdida.
O pecado que calafeta a alma, impedindo-a de receber a Luz; que endurece os corações ao ponto de se tornarem insensíveis ao pranto das esposas abandonadas e dos filhos lançados na orfandade com os progenitores vivos. Paixão que mata o sentimento da família, fonte de espiritualidade e escudo da pessoa humana contra a escravização das tiranias políticas. Cegueira que impede a contemplação das realidades sociais. Depravação que eclipsa o bom-senso, faz raciocinar segundo o egoísmo, interpretar o mundo consoante os apetites individuais e decidir conforme o interesse inconfessável. Loucura que começa desorganizando os lares e termina destruindo todas as formas da estabilidade moral e apodrecendo os fundamentos da Pátria.[6]
            É tal, no entender deste ínclito Bandeirante do Brasil Integral e Profundo que foi e é Plínio Salgado, o crime do Mundo Moderno, da civilização moderna, e
É esse crime da civilização moderna a causa da tristeza da Virgem, a Sua dolorosa preocupação, o motivo principal da Sua mensagem. Ela vê a catástrofe do mundo contemporâneo e bem sabe que por detrás das falsas bandeiras das reivindicações sociais e desses estandartes da liberdade que iludem a tantos espíritos e mesmo católicos de boa-fé, está o anseio pela expansão dos instintos e o desenfreamento da sensualidade. Para combater esse inimigo, a Senhora veio à Serra de Ourém falar aos portugueses e ao mundo. Contra tão cruel destruidor da dignidade humana, oferece-nos uma arma: a oração; um escudo: a fé; uma força: a Graça Divina; um dever: o combate sem tréguas.[7]
Não é necessário dizer que, ao falar das “falsas bandeiras das reivindicações sociais e desses estandartes da liberdade” que a tantos espíritos têm iludido, quis Plínio Salgado se referir ao comunismo e ao liberalismo, liberalismo este que, como ponderou o próprio autor de Primeiro, Cristo! e das Mensagens ao Mundo Lusíada (Plínio Salgado), é a “doença mortal da verdadeira liberdade”.[8]
Quando a Santíssima Virgem apareceu pela vez primeira na Cova da Iria, há exatamente um século, era Portugal governado pelas forças materialistas e anticristãs da antitradição e da antinação e parecia, no dizer de Plínio Salgado, que a Rainha Celeste esquecera a velha casa lusitana.[9]
Em verdade, porém, como acentuou o autor de O Rei dos reis e de A Tua Cruz, Senhor (Plínio Salgado), a Santíssima Virgem Mãe não se havia olvidado dos portugueses e da Pátria que ainda se ufanava de ser a Terra de Santa Maria. Andava Ela, com efeito, pelos campos e pelas serranias, onde residiam as reservas da Estirpe, “como as águas profundas do oceano que os inconstantes ventos da superfície jamais conseguem agitar”. Estava Ela presente à hora do Ângelus, quando os sinos das igrejas tangiam compassadamente e os pastores e lavradores se descobriam, “murmurando preces ao canto nostálgico das noras”. Nos rigorosos invernos, às horas em que os grã-finos “se desenfadavam nos teatros e salões e os homens de partido, entre baforadas de tabaco, discutiam política nos cafés”, a nossa amada “Mãe Celeste saía pelos caminhos batidos de vento gélido” e chegava às portas das humildes casas de pedra das aldeias, “onde as famílias se reuniam para conservar intangível o velho sentimento da fidelidade portuguesa”.[10]
            A pequena-grande Nação Portuguesa, gloriosa “semente de Impérios”, na expressão de Gustavo Barroso,[11] não secara, como salientou Plínio Salgado, a despeito dos “ventos internacionais do materialismo que sopravam nos quadrantes do mundo; latejava-lhe no cerne o humo vitalizador” da Tradição, tal como algumas “árvores aparentemente mortas guardam, no íntimo dos troncos e nas escondidas raízes, o segredo da seiva imperecível”. Assim, desfiavam-se “Ave-Marias” e, enquanto o frígido vento uivava nos pinheirais ou a chuva cantava longamente, “as vozes da Raça, pelas vozes humildes”, repetiam: “Santa Maria, Mãe de Deus...”[12]
            Foram, sobretudo, os humildes que não se esqueceram da Santa Mãe de Deus e que sustentaram a velha e sempre nova e gloriosa Fé dos cavaleiros e dos navegantes de Portugal.[13] Eram, no dizer de Plínio Salgado, as rudes mãos que arrancavam da terra lusitana o pão e o vinho, “nodosas e calosas do muito amanho, que vem de séculos”, que passavam,
pelos dedos gretados e ásperos, as contas do rosário, repetindo a atitude dos reis paladinos, dos reis poetas, dos reis juristas, dos reis navegadores, que fundaram a Pátria, ensinaram-na a lavrar e a cantar, outorgaram-lhe ordenações, forais e decretais, deram-lhe barcos, astrolábios, cartas de mareantes e um destino no mundo.[14]
 Foi pelos humildes dos campos e das serras, fiéis à Fé verdadeira, que, a 13 de maio de 1917, quis Nossa Senhora, Mãe de Deus e Rainha dos Céus, enviar a Sua mais veemente mensagem ao Mundo Lusíada[15] e a toda a Terra.
A 13 de maio do ano da Graça de 1951, dava-se à Nação Portuguesa, ao Mundo Lusíada e ao Mundo Católico o público conhecimento de que sua Santidade, o Papa Pio XII, determinara que o Ano Santo para o estrangeiro encerrar-se-ia em Fátima, a 13 de outubro, data, como há pouco restou dito, da derradeira aparição da Virgem na Cova da Iria. Foi noticiado, ainda, que, além das solenidades religiosas, seria realizado, em Fátima, na semana da última aparição de Nossa Senhora, o I Congresso Internacional Católico sobre a Mensagem de Fátima.
O aludido Congresso reuniu pensadores, homens de Estado, professores, religiosos, escritores, jornalistas, economistas e sociólogos do Mundo inteiro, como o Cardeal Federico Tedeschini, Legado do Santo Padre Pio XII, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Trindade Salgueiro, Arcebispo de Mitilene, Manuel Gonçalves Cavaleiro de Ferreira, Ministro da Justiça de Portugal, Adroaldo Mesquita da Costa, Vice-Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Monsenhor Fulton Sheen, Bispo Auxiliar de Nova Iorque, e o jornalista e escritor inglês Douglas Hyde, que abandonara o comunismo e se convertera graças à Mensagem de Fátima.
As palavras das pessoas mencionadas no referido Congresso foram transcritas, naquele mesmo ano de 1951, no quarto número da revista tradicionalista de cultura Reconquista, que tinha como diretores José Pedro Galvão de Sousa (para o Brasil), Fernando de Aguiar (para Portugal) e Francisco Elías de Tejada (para a Espanha).
Fátima, esta “explosão transbordante do sobrenatural neste mundo prisioneiro da matéria”, na tão feliz e tantas vezes citada expressão do poeta francês Paul Claudel,[16] é, no dizer de Fernando de Aguiar, “a grande Mensagem de Paz”, paz nas almas, paz entre os homens e os povos, e “em Fátima continua Maria a corrente maravilhosa das suas dádivas benditas de Luz e Misericórdia divinas”. Se, no dizer do autor de Gente de casa (Fernando de Aguiar), “os homens ouvirem o Seu Conselho Maternal, o mundo será salvo e a Paz reinará em todos os corações pelo hino apoteótico das conversões”.[17]
Como observou Fernando de Aguiar, Mãe de Deus e Mãe dos homens, Rainha dos Céus e Medianeira de todos os clamores e súplicas humanos, é Santa Maria “fonte de sabedoria e manancial inexaurível de Justiça e de Fortaleza cristã para todos”, sendo a Sua Mensagem em Fátima “a grande Promessa” do século XX,[18]que, aliás, permanece viva no século XXI e viva permanecerá até o Fim dos Tempos.
Consoante salientou o Cardeal Federico Tedeschini, a Santíssima Virgem Mãe foi a Portugal e falou no idioma português, mostrando ser mãe dos portugueses e amá-los,[19] e, acrescentamos nós, mostrando ser mãe dos lusíadas de todos os Quatro Cantos do Mundo e amá-los.
Portugal é, com efeito, uma “Nação de Santos”, Nação de Santos como Nun’Álvares Pereira, o Santo Condestável, santo e herói a um só tempo; como São João de Deus, um dos mais célebres e gloriosos santos da Igreja; como o Santo Taumaturgo António,[20] Santo António que, como bem disse João Ameal, é Santo António de Lisboa, Santo António de Coimbra, Santo António de Portugal, Santo António de Pádua e, “para além de quaisquer limites de nação e de lugar, como o saudou Leão XIII – Santo António de todo o Mundo”,[21] e também, é claro, como a grande Santa Rainha Isabel I.
Ademais, era Portugal, ainda em 1917, a despeito de seu (des)governo, a Nação que merecera, dentre tantos títulos, o de Fidelíssima, sendo Portugal Fidelíssimo o nome com que a História e a Igreja o conhecem e muito o exaltaram nos séculos precedentes, e era, ainda, a Nação que “sobre tantos e tão nobres títulos”, tinha, como ainda tem, tradicionalmente, o título de Terra de Santa Maria.[22]
Foi em razão de tudo isso, pois, que a Virgem Nossa Senhora, “Rainha do Mundo e da Paz”, na expressão do Santo Padre Pio XII,[23] escolheu os filhos de Portugal, como sublinhou D. Tedeschini, inspirando seus reis e seus navegantes, que A proclamaram Padroeira da Nação; e escolheu os filhos da Pátria de que nasceu a nossa Pátria porque estes se tinham mantido fiéis a Ela, “passando esta fidelidade a ser a mais bela joia” do “diadema nacional” português e fazendo com que Portugal merecesse “o título insuperável de Nação Fidelíssima”.[24] E foi, é claro, em razão de tudo isso que Nossa Senhora escolheu a Sua Terra de Portugal para nela transmitir, no inculto e belo idioma de Camões, a Sua Mensagem.
Como bem salientou D. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal Patriarca de Lisboa, Nossa Senhora do Rosário, aparecida em Fátima,[25] onde falou a um Mundo esquecido de Cristo,[26] abriu-nos, na Serra de Aire, o Seu Imaculado Coração para nele reaprendermos a imitar os mistérios, da vida, da morte e da ressurreição de Seu Divino Filho. Assim, tal como quando passou por este Mundo, em tempos que já lá vão, quando Nossa Senhora nos fala é para nos encaminhar para o Cristo, “o Único que é o Salvador”.[27]
O Ministro da Justiça de Portugal, Sr. Dr. Manuel Gonçalves Cavaleiro de Ferreira, encerrou o seu discurso no I Congresso Internacional Católico sobre a Mensagem de Fátima tratando da missão evangelizadora de Portugal e assinalando que esta “Nação talhou as suas fronteiras e forjou a sua alma” na Reconquista Cristã, quando o islamismo ameaçava submergir a Cristandade Europeia.[28] E do êxito da luta portuguesa, nasceu para a nova Nação, quando já estava em decadência por toda a Europa o Espírito das Cruzadas, o desejo de repeti-las, “por novos caminhos e diferentes meios”. Assim, o Espírito de Cruzada, assimilado como missão nacional lusitana, iria em breve
desentranhar-se em novas nações e em novas cristandades de além-mar, precisamente numa época em que o cisma da Reforma abalava a unidade do velho continente e o avanço do Oriente fazia tremer a segurança dos Estados cristãos. A História repousa na Providência.[29]
            Ainda segundo Gonçalves Cavaleiro de Ferreira, como que parece que foi o extremo ocidental da Península Hispânica e da Europa escolhido para, nas épocas de desânimo, suscitar “um renovo de energia, fazendo reluzir nas trevas o clarão dos ígneos providenciais”.[30]
            Destarte, quando novamente o Mundo foi assolado pela heresia e pela guerra, bem como pela “desordem nos espíritos e nas instituições”. E então, nos sangrentos dias da I Guerra Mundial, de Fátima ecoou sobre todo o Orbe uma admirável Mensagem de Paz,
renovando a promessa eterna dum Mundo novo se os homens souberem confiar – pedindo em fraterna interdependência o favor divino, penitenciando-se em fraterno sacrifício, amando-se na intimidade do mesmo destino e na esperança da mesma redenção.[31]
            O representante brasileiro no aludido Congresso, Deputado Adroaldo Mesquita da Costa, iniciou seu discurso enfatizando que, na abençoada Pátria de nossos Maiores, onde a Santíssima Virgem entregou ao Mundo a Sua Mensagem, quis o eminentíssimo Cardeal-Patriarca de Lisboa, “glória da Igreja e orgulho da Pátria” Portuguesa, que, ao concerto de vozes daquele Congresso, cada qual mais eloquente “nos louvores a Deus e na defesa da Sua causa”, se ajuntasse a voz do Brasil, “mais belo florão da vergôntea lusitana,” a fim de tal modo patentear à Cristandade que,
seja qual for a latitude em que se fala a língua portuguesa, se obedece aos mesmos mandamentos, se professa o mesmo credo, se cultivam os mesmos ideais e se guardam, com zelo e santo orgulho, as sagradas tradições
“daqueles que foram dilatando a fé e o império” e que “por obras valorosas se vão da lei da morte libertando”.
O Brasil está aqui presente.[32]

            O discurso de Adroaldo Mesquita da Costa se encerrou com a citação dos versos finais do soneto Em Fátima, de Olegário Mariano, que desde 1938 portava o título de Príncipe dos Poetas Brasileiros e que, entre 1953 e 1954, ocuparia o cargo de Embaixador do Brasil em Portugal. O aludido soneto seria publicado, na íntegra, no boletim A Voz da Fátima, da Diocese de Leiria-Fátima, a 13 de setembro de 1953 e é deste mensário católico que o transcrevemos:
EM FÁTIMA
Rude e áspera é a paisagem, mas que importa?
Vibra tal esplendor na luz ambiente,
Que a alma da gente em preces se transporta
Ao céu e volta pura a alma da gente.
Como que paira milagrosamente
A Santa no alto da campina morta,
Derramando dos olhos, em torrente,
A esperança que eleva e a fé que exorta.
Gente de Portugal! Ó minha gente!
Tu que em Fátima vês Nossa Senhora,
Pede-lhe consternada e reverente
Que volva os olhos aos que nela pensam
E alongue os braços de Brasil afora
Para ungi-lo na unção da sua bênção.[33]
            Não podemos concluir estas linhas sem antes recordar que, como bem evocou o Monsenhor Fulton Sheen, o dia 13 de outubro de 1917, data da derradeira aparição de Nossa Senhora na Cova da iria, é uma data de acentuado relevo na História Mundial.[34]
            Com efeito, naquele dia, em Moscou, às vésperas do dilúvio da revolução bolchevista, Maria Alexandrovitch, uma nobre senhora russa, ensinava duzentas crianças numa igreja. Subitamente, porém, um tropel de cavaleiros vermelhos entrou pelo templo, destruindo as imagens e o altar-mor e matando pisoteadas algumas crianças. Maria Alexandrovitch correu então em busca dum líder bolchevista que conhecia e disse-lhe: “Aconteceu uma coisa horrível: homens a cavalo profanaram a Igreja e pisaram aos pés crianças indefesas”. O bolchevista então disse apenas: “Já sei. Fui eu que os mandei”. Começava, assim, na Rússia, no dizer de D. Fulton Sheen, a “revolução contra Deus”,[35] revolução à qual opunha ele aquilo que reputava ser a Revolução com Deus e que é “a revolução de Maria”, cujo Magnificat é, no sentir do ilustre pensador e religioso, “um documento mais revolucionário que o Manifesto Comunista” de Marx e Engels.[36] A “revolução de Maria”, porém, é uma Revolução de amor e não de ódio[37] e que, de acordo com o significado etimológico e astronômico do termo “revolução”, que significa retorno ao ponto de partida, promove a volta do Ente Humano ao Seu Criador.
            Em Roma, naquele mesmo dia 13 de outubro do conturbado e sangrento ano de 1917, os sinos das igrejas da Cidade Pontifícia repicavam alegremente no ato de consagração de um novo Bispo, proclamando a investidura de mais um sucessor dos Apóstolos. Ninguém imaginava, contudo, que tal Bispo, Monsenhor Eugenio Pacelli, seria um dia o Papa Pio XII, “o Angélico Pastor do rebanho de Cristo”.[38]
            Ainda em 13 de outubro de 1917, em Fátima, a Santa Virgem anunciou aos três pastorinhos o próximo término da I Guerra Mundial e afirmou que, caso não houvesse arrependimento, haveria um novo conflito, ainda maior e mais sangrento, tendo falado, ainda, da necessidade de consagração da Rússia ao Seu Coração Imaculado, que levaria à conversão desta e a um período de paz no Mundo. Foi ainda em tal data, em Fátima, que a Santíssima Senhora fez o sol se destacar dos Céus e baixar sobre a Terra, diante de dezenas de milhares de pessoas,[39] num dos maiores milagres de toda a História.
            Na hora presente, hora em que o Mundo é, ainda mais do que em 1917, assolado por terríveis heresias e pelos mais graves desrespeitos à Lei Eterna; em que que cristãos são perseguidos e martirizados como há muito não o eram e em que paira sobre a Terra a ameaça dum conflito muito maior do que as duas grandes guerras do século passado, devemos voltar nossos olhos a Nossa Senhora do Rosário, aparecida em Fátima, e seguir o Seu pedido de oração, de penitência e de mudança de vida, tendo plena consciência de que, como disse a Santa Virgem aos pastorinhos, por fim o Seu Imaculado Coração triunfará!
            Seja esta a nossa singela homenagem à Santíssima Mãe de Deus, Regina Coeli et Terrae, no centenário de Sua primeira aparição na Cova da Iria, na terra de nossos Maiores, Nação de que surgiu a nossa Imperial Nação. E àqueles que estiverem lendo estas linhas nas terras lusíadas d’Europa, dirigimos as palavras finais das Mensagens ao Mundo Lusíada, de Plínio Salgado, “o mais eloquente intérprete da Brasilidade”, no dizer de Hipólito Raposo,[40] e, como tal, um dos mais eloquentes intérpretes da Lusitanidade:
Recebei minhas palavras (...), na terra de meus maiores, como um apelo do Coração do Brasil ao vosso Coração para que se conserve a unidade da Fé católica nos dois impérios da língua portuguesa que constituem um só império no sentimento cristão; e, para que se conservem, com esta Fé, as virtudes antigas da Raça e aquele universalismo civilizador baseado nos valores do Espírito, que têm sido luz em nosso caminho, força na desventura, grandeza da alma no triunfo, segurança da nossa vitalidade e fundamento do nosso porvir![41]
            Por Cristo e pela Cristandade!
            Victor Emanuel Vilela Barbuy,
            São Paulo, 13 de maio de 2017.
  






[1] Fátima: Graças-Segredos-Mistérios, 1ª edição, Lisboa, Livraria Bertrand, 1936.
[2] Mensagens ao Mundo Lusíada, 5ª edição (na verdade 6ª), in Primeiro, Cristo!, 4ª edição (na verdade 5ª),  São Paulo, Voz do Oeste; Brasília, INL (Instituto Nacional do Livro), 1979, p. 160. Na referida edição, o nome da obra, por um lapso, consta como Mensagem ao Mundo Lusíada e não Mensagens ao Mundo Lusíada, que é o seu verdadeiro título, como consta das edições anteriores.
[3] Idem, pp. 160-161.
[4] Idem, p. 160.
[5] Plínio Salgado na Tradição do Brasil, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, volume II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 47.
[6] Mensagens ao Mundo Lusíada, 5ª edição (na verdade 6ª), in Primeiro, Cristo!, 4ª edição (na verdade 5ª), cit., pp. 162-163.
[7] Idem, p. 163.
[8] Idem, p. 142.
[9] Idem, p. 158.
[10] Idem, pp. 158-159.
[11] Portugal, semente de Impérios, Rio de Janeiro, Getúlio Costa, 1943.
[12] Mensagens ao Mundo Lusíada, 5ª edição (na verdade 6ª), in Primeiro, Cristo!, 4ª edição (na verdade 5ª), cit., p. 159.
[13] Idem, loc. cit.
[14] Idem, pp. 159-160.
[15] Idem, p. 160.
[16] Citamos de memória.
[17] Fátima, in Reconquista, ano II, nº 4, São Paulo, 1951, p. 245.
[18] Idem, p. 247.
[19] A missão de Portugal no Mundo e a de Fátima na Cristandade, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 252.
[20] Idem, p. 254.
[21] Santos portugueses, Porto, Livraria Tavares Martins, 1957, p. 132.
[22] A missão de Portugal no Mundo e a de Fátima na Cristandade, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 255.
[23] Magnificat anima mea Dominum, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 250.
[24] A missão de Portugal no Mundo e a de Fátima na Cristandade, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 255.
[25] Fátima e sua mensagem, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 274.
[26] Idem, p. 272.
[27] Idem, p. 274.
[28] A Fé não é uma simples expressão emocional do espírito, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 292.
[29] Idem, pp. 292-293.
[30] Idem, p. 293.
[31] Idem, loc. cit.
[32] O Brasil está aqui presente, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 294.
[33] Em Fátima, in A Voz da Fátima, ano XL, nº 372, Leiria, 13 de setembro de 1953, p. 4
[34] Moscou, Roma e Fátima, in Reconquista, ano II, nº 4, cit., p. 301.
[35] Idem, loc. cit.
[36] Idem, pp. 302-303.
[37] Idem, p. 303.
[38] Idem, p. 301.
[39] Idem, pp. 301-302.
[40] A notável oração do Dr. Hipólito Raposo, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 189.
[41] Mensagens ao Mundo Lusíada, 5ª edição (na verdade 6ª), in Primeiro, Cristo!, 4ª edição (na verdade 5ª), cit., pp. 174-175.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Como nasceram as cidades do Brasil*




Em 1939, Plínio Salgado, já então um notável e consagrado escritor, jornalista, pensador, orador e doutrinador político, bem como criador e líder do maior movimento cívico-político-cultural tradicionalista e nacionalista de toda a América Lusíada e de toda a América Hispânica,[1] foi exilado para Portugal, por razões políticas, pela ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.
Diversamente dos chamados exilados políticos das décadas de 1960 e 1970, todos eles autoexilados, Plínio Salgado teve de deixar o Brasil por ordem de Vargas, que lhe permitiu, porém, escolher para qual país seguiria. E então, como escreveu o escritor e pensador tradicionalista português Fernando de Aguiar, Plínio Salgado, esse “cavalheiro de nobres ideais e de igual nobreza de sentimentos, forçado ao exílio, procurou Portugal”, escolhendo a Pátria de seus Maiores por saber que nela estaria “em família” e melhor amparado “contra as violências dos homens, nos seus desmandos, a afogarem em onda de sangue e de desvario o mundo, este amarroado e à míngua do bom senso comum”.[2]
Ainda como observou o autor de Gente de casa (Fernando de Aguiar), Portugal, a “Terra de Santa Maria, título de nobreza à Pátria de D. Afonso Henriques em suas virtudes ancestrais”, impõe-se para o retiro de Plínio Salgado, “lugar apropositado para meditação e exaltação cristã”, e, posto que animando a caseira lição da História e da Tradição, “por sentimento e por sangue, também destino legítimo para repouso das canseiras do dia a dia e aperfeiçoamento da alma nas lides políticas”.[3]
Uma vez na pequena-grande Pátria de que nasceu a nossa Pátria, Plínio Salgado, que para ela seguiu em companhia da esposa, D. Carmela Patti Salgado, conheceu-a de norte a sul e nela estudou profundamente o pensamento tradicionalista português e espanhol, proferiu algumas de suas mais belas e importantes conferências, escreveu as suas mais pujantes obras religiosas e foi reconhecido por todos como uma espécie de embaixador cultural do Brasil e pela intelectualidade católica como um dos maiores pensadores católicos de todos os tempos e um verdadeiro apóstolo brasileiro.[4]
Se, ao momento de sua chegada a Portugal, era o nome de Plínio Salgado ali conhecido e admirado por alguns intelectuais de escol, a exemplo do historiador e escritor João Ameal e dos principais líderes do Integralismo Lusitano, “já então admiradores declarados de sua inteligência máscula, conduzida na luminosidade de Espírito cintilante e de esforçado engenho e servida na compreensão de sadia e arejada política”,[5] este, nos anos em que ali viveu, pelos prodígios de seu verbo falado e escrito, tornou-se célebre em toda a Nação Portuguesa. E, como aduziu Fernando de Aguiar, Plínio Salgado, “abençoado por Portugal como filho adoptivo”, foi
aquele brasileiro que, melhor compreendendo as nossas gentes, mais ilustrou o intercâmbio entre as duas Pátrias de língua portuguesa, quem mais rente, e pelo coração, soube segurar, prender e unir, em nossos dias, os nós sagrados que para sempre hão-de vincular, no futuro, o Brasil a Portugal e Portugal ao Brasil.[6]
Durante o discurso de agradecimento à homenagem a ele prestada por um grupo de ilustres portugueses[7] antes de seu retorno ao Brasil, em junho de 1946, Plínio Salgado afirmou que, ao partir do Rio de Janeiro, em 1939, vira a bandeira nacional brasileira a flutuar triunfalmente na Fortaleza de Santa Cruz e que sentira que a auriverde bandeira parecia dizer-lhe:
Vai, porque do outro lado do oceano encontrarás a Pátria da tua Pátria e ali, junto aos monumentos antigos e aos túmulos dos heróis da Raça, adquirirás novas forças de tradicionalidade com que volverás mais rico de seiva nacional, mais vibrante de brasilidade, mais ardente de amor pelo teu Brasil.[8]
Não é necessário dizer que de fato Plínio Salgado adquiriu, em terras portuguesas, novas forças da mais lídima tradicionalidade, com que volveu à Terra de Santa Cruz mais rico de seiva nacional, mais vibrante de Brasilidade e mais ardente de amor pelo Império natal.
Foi em Portugal que o renomado autor de O estrangeiro (Plínio Salgado) concluiu e deu ao Mundo a sua obra-prima, a Vida de Jesus, que o Padre Leonel Franca bem qualificou de “joia de uma literatura.”[9] E dissemos, como Tasso da Silveira, que Plínio Salgado deu ao Mundo a sua Vida de Jesus em razão de que, como salientou o ilustre poeta e ensaísta curitibano (Tasso da Silveira), a Vida de Jesus é uma “obra de significação universal, dado o esplendor com que o tema supremo foi nela realizado”, e é, ainda, uma obra que já alcançou diversas edições em diversos países e diversos idiomas e sobre a qual prestigiosas autoridades, como o mencionado Padre Leonel Franca e D. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal-Patriarca de Lisboa, “disseram coisas definitivas e consagradoras”.[10]
Como ressaltamos algures,[11] por suas obras religiosas,  a exemplo da Vida de Jesus, “coroa luminosa de um grande e silencioso drama”, no dizer do Cardeal Cerejeira,[12] assim como de A aliança do sim e do não, de Primeiro, Cristo!, de O Rei dos reis, de A Tua Cruz, Senhor, de Mensagens ao Mundo Lusíada, de A imagem daquela noite e de São Judas Tadeu e São Simão Cananita, bem podemos considerar Plínio Salgado um dos maiores e mais profundos escritores cristãos de todos os tempos e uma das máximas glórias do pensamento e das letras cristãs do Mundo Lusíada.
Tratando da Vida de Jesus, afirmou Fernando de Aguiar ser esta obra “o livro mais fortemente lusíada deste atormentado século”,[13] e se é verdade que, como salientou o Padre Moreira das Neves, tal obra teve um êxito extraordinário, talvez só ultrapassado, em sua expansão mundial, pela História de Cristo, de Papini,[14] é igualmente verdade  que, como enfatizou José Sebastião da Silva Dias, tal obra, que realmente conseguiu ser a “joia de uma literatura”, teria por mercado o Mundo inteiro, caso houvesse sido escrito em qualquer das grandes línguas europeias.[15]
Consoante escreveu o sacerdote jesuíta, pensador e jornalista italiano Domenico Mondrone, na introdução à primeira edição italiana da Vida de Jesus, transcrita na revista romana La Civiltà Cattolica, não apenas as obras religiosas de Plínio Salgado, mas todos os livros deste “escritor robusto e fecundo” são testemunhos “do ideal cristão, ao qual está dirigida toda a sua vida de indivíduo e de cidadão e no qual se enquadra a sua visão do mundo”.[16] A propósito, como bem frisou o jus-filósofo tomista e pensador tradicionalista espanhol Francisco Elías de Tejada, desde a sua conversão intelectual à Fé Católica, em 1918, o que Plínio Salgado levantou foram duas solidíssimas colunas: Cristo e o Brasil.[17]
Neste mesmo sentido, ao analisar as obras Como nasceram as cidades do Brasil e A imagem daquela noite, João Ameal assim escreveu a respeito do autor da Vida de Jesus:
Plínio Salgado escreve, fala, apostoliza sob a luz perene da obediência a Cristo; os argumentos que emprega, são colhidos nas divinas palavras; as imagens que levanta, são sugeridas pelas divinas lições, os apelos que lança, são o eco dos divinos apelos e todo o seu programa é reimplantar na consciência dos contemporâneos a figura excelsa do Filho de Deus e incitá-los a que O tomem por modelo e saibam voltar ao integral cumprimento da Sua Lei.[18]

  É sobre a obra Como nasceram as cidades do Brasil que hoje falaremos. Escrita em Portugal e publicada em 1946, pela Editorial Ática, de Lisboa, tal obra se destinava, antes de tudo, a mostrar aos brasileiros e aos portugueses, que tão generosamente acolheram o seu autor, a fisionomia de sua terra natal, por meio de páginas que, como enfatizou Gumercindo Rocha Dorea, o tempo não foi ou será capaz de destruir e que demonstram como pode o amor edificar para a eternidade.[19]
A Editorial Ática pertencia ao poeta Luís de Montalvor (nome literário de Luís Filipe de Saldanha da Gama da Silva Ramos), que a fundara em 1933, e, profundo admirador do pensamento e da obra de Plínio Salgado, já editara a sua Vida de Jesus e A Tua Cruz, Senhor, e publicaria, naquele mesmo ano de 1946, a obra Madrugada do Espírito. Luís de Montalvor, que fundara, em Lisboa, em janeiro daquele ano de 1946, a Livraria Ática, e que faleceria no ano seguinte, com a esposa e o único filho, num desastre automobilístico, iniciara, em 1942, a publicação de diversas obras de Fernando Pessoa e seus heterônimos, sob o título de Obras Completas de Fernando Pessoa, e publicaria, ainda no ano de 1946, as Poesias de Mário de Sá-Carneiro. A propósito, tanto Fernando Pessoa quanto Mário de Sá-Carneiro tinham sido seus companheiros na revista Orpheu, que circulara em 1915 e tivera em Montalvor seu principal idealizador e o seu primeiro diretor, ao lado do poeta e escritor brasileiro Ronald de Carvalho, logo passando, porém, a ter um papel secundário na organização desta revista, marco inicial do Modernismo em Portugal, e sendo substituído em sua direção, juntamente com Ronald de Carvalho, por Pessoa e Sá-Carneiro, no segundo número da mencionada revista, cujo terceiro número, organizado em 1917, somente viria à luz em 1984. Por fim, vale lembrar que fora Montalvor quem proferira o elogio fúnebre de Fernando Pessoa por ocasião do sepultamento do corpo deste, em 2 de dezembro de 1935.
Obra estuante de Fé e de Brasilidade, iniciada, segundo o autor, num dia em que transbordava o seu “afeto pelo Brasil e os Brasileiros”, afeto este que o levou a contar, “na terra dos nossos Maiores”, a história das cidades brasileiras,[20] Como nasceram as cidades do Brasil traz a seguinte dedicatória:
À Nação Portuguesa, em homenagem aos antepassados comuns que construíram a minha Pátria, deram-lhe uma nobre língua e uma gloriosa tradição e animaram-na, por todo o sempre, com a alma religiosa que a integra na família lusíada das cinco partes do mundo e na comunhão universal do Cristianismo ofereço este livro como recordação de minha permanência na sua linda terra e no meio da sua hospitaleira e carinhosa gente.[21]
Em artigo a respeito de Como nasceram as cidades do Brasil, publicado no jornal Idade Nova, do Rio de Janeiro, em 27 de outubro de 1946, Tasso da Silveira ponderou que a leitura de tal obra era urgentíssima entre nós, sendo mister dizer aos brasileiros que todos eles deviam ler este livro o quanto antes.[22]
Isto porque, como aduziu o autor de Puro Canto e de Gil Vicente e outros estudos portugueses (Tasso da Silveira), estávamos então atravessando “uma crise de enorme inconfiança nos destinos do Brasil”. Assim, segundo Tasso da Silveira, o secreto desalento que, em seu sentir, lavrava em milhares de almas em nosso País, nos roubava “a energia indispensável à luta viva” daquela hora. Os brasileiros, no entender do poeta do Cântico ao Cristo do Corcovado (Tasso da Silveira), precisavam reviver os motivos que tinham para despertar o Brasil de seu sono e tais motivos são “eficacissimamente evocados no volume de história autêntica e de autêntica poesia” que é Como nasceram as cidades do Brasil.[23]
Conscientes de que o Brasil da hora presente atravessa uma crise de inconfiança em si mesmo e em seu porvir de proporções muito maiores que aquela que atravessava em meados da década de 1940, concordamos com Tasso da Silveira, quando este observa que, nas páginas de Como nasceram as cidades do Brasil, “oferece-nos Plínio Salgado o exato antídoto ao fundo envenenamento de que somos vítimas”. Tal antídoto vem a ser a História de como se formou o Brasil, a rememoração dos grandes feitos de que fomos capazes no passado, dos tremendos óbices que vencemos, da resistência que, no pretérito, soubemos opor às energias adversas, “e que demonstram, em nós, virtualidades de grande povo”.[24] Como sublinhou o autor de Tendências do pensamento contemporâneo e de 30 espíritos-fontes (Tasso da Silveira):
Quem sabe como o Brasil se formou não desanima do Brasil. Digam-no os nossos genuínos historiadores. Digam-no os evocadores da epopeia bandeirante, da luta com os holandeses, da conquista do Brasil às terríveis endemias. Estes, os que sabem como o Brasil se formou, não se mostram pessimistas. São, pelo contrário, os eternos animadores. Entre eles, Plínio Salgado, cuja obra é, toda ela, um só arroubo de fé e confiança no Brasil.[25]
No ano de 1977, ao prefaciar a quinta edição de Como nasceram as cidades do Brasil, Euro Brandão ponderou que, naquele momento, em que se reforçava a difusão da nossa Cultura e se proclamava a necessidade de permanência da Índole Nacional, ou, noutros termos, da nossa Tradição, era muito necessário o revigoramento de “nosso sentimento de brasilidade ao ler e degustar e apreciar e meditar nas páginas de um escritor privilegiado” como Plínio Salgado, numa obra em que se desdobra “o vigoroso sentimento nacional”.[26] Muito mais necessário, porém, tornou-se hoje, para os brasileiros, o robustecimento desse sentimento de Brasilidade, pela leitura e meditação das páginas transbordantes de poesia e sentimento nacional desta preciosa obra.
Isto posto, cumpre salientar que o “vigoroso sentimento nacional” de que nos falou Euro Brandão corresponde ao “justo nacionalismo”, que, no dizer do Papa Pio XI, “a reta ordem da caridade cristã não somente não desaprova, mas com regras próprias santifica e vivifica”,[27] nada tendo que ver com o condenável nacionalismo agressivo e xenófobo, como ressaltou o próprio Euro Brandão.[28] Como aduziu o autor de O século da máquina e a permanência do Homem  (Euro Brandão), este “vigoroso sentimento nacional” é
um conhecer-se do Brasil a si mesmo. É um fortalecer-se na maneira de ser nacional , no cultivo da feição própria de uma Nação com caráter peculiar, feição essa que, se a diferencia, lhe dá também a possibilidade de contribuir com aspectos originais no universal intercâmbio de ideais, soluções e atitudes. Cultivar sua história, seus vultos seus feitos, fortalecendo a consciência de sua peculiaridade como Nação, e, assim, atuar beneficamente no âmbito internacional, é, como conceito, tão importante como a pessoa que cultiva as virtudes de sua personalidade e as reforça, não para sua própria exaltação, mas para ser mais útil no exercício do bem comum.[29]

Como bem sublinhou Euro Brandão, nas páginas de Como nasceram as cidades do Brasil, “em pinceladas de verdadeiro artista”, se desdobram não apenas as histórias da fundação de cidades, do século XVI ao século XX, “mas um vitral de flagrantes motivadores, que, na ênfase e reforço dos contornos, faz rutilar a beleza das epopeias”.[30]
Assim, esta obra, que, no dizer de Brandão, é um “livro de Patriotismo e de Fé”,[31] que nos “ensina a amar o Brasil”[32] e “nos reacende o amor à cousas que realmente ‘valem a pena quando a alma não é pequena’”,[33] aborda, em páginas que muitas vezes fundem História, Tradição e Poesia, temas como a Epopeia das Bandeiras, a obra missionária e educativa dos jesuítas e o papel que tiveram e têm, em nossa História e em nossa Tradição, vultos como aqueles de João Ramalho, Tibiriçá, Anchieta, Caramuru, Raposo Tavares, Anhanguera e Aleijadinho.
Diferentemente de tantos pseudo-historiadores, que só sabem amesquinhar as nossas origens e denegrir a imagem da Nação Portuguesa, de que proviemos, Plínio Salgado, em Como nasceram as cidades do Brasil, faz justiça a Portugal e à sua obra civilizadora e enaltece o gênio imperial lusíada, graças ao qual o Brasil tem mantido, ao longo dos séculos, a sua unidade, e salienta que o maior patrimônio que Portugal legou ao Brasil foi a verdadeira Religião de Cristo.
Isto posto, reputamos ser oportuno frisar que, como fez ver o autor de Como nasceram as cidades do Brasil, este vasto Império que é a nossa Terra de Santa Cruz possui grandes e profundas diferenças regionais, assim como membros e descendentes de diversos povos de todo o Orbe Terrestre, mas todas essas diferenciações se submetem “à ação poderosa de um formidável redutor, a trabalhar continuamente, como estatuário inspirado, na construção maravilhosa da Unidade Nacional”. Tal redutor, nas palavras de Plínio Salgado,
É o gênio lusíada. É o espírito dos fundadores de um grande Império, cujo segredo se encontra nas raízes romanas e cristãs de que provém.
Tão grande tradição, pelos Brasileiros herdada dos Portugueses, constitui a força aglutinadora por excelência, reagindo contra a diversidade do meio físico, a complexidade dos aspectos étnicos e a extensão do espaço geográfico, e sustentando de pé, isento de futuras decomposições, o caráter definido de um dos maiores povos do Mundo.[34]
Havendo citado as linhas em que Plínio Salgado tratou do gênio lusíada, ressaltando o fato de ser ele o pilar sobre o qual se assenta a unidade nacional brasílica, citaremos, a seguir, as linhas finais de Como nasceram as cidades do Brasil, em que o autor proclama que a Fé de Cristo foi o maior patrimônio que o Brasil recebeu de Portugal e que sustentar o Nome e os Ensinamentos de Cristo e viver segundo o Seu Espírito é sustentar a Tradição Luso-Brasileira, o pundonor nacional e as próprias prerrogativas de independência da Nação:
A partir de 1900 o Brasil cresceu vertiginosamente. Os municípios, inicialmente criados com um centro urbano a governar extensões territoriais por vezes maiores do que a Bélgica ou a Suíça, partem-se, repartem-se, tripartem-se, pela transformação rápida das aldeias em cidades; os pioneiros avançam, novos nomes surgem no mapa.
No primeiro período, a cidade começa com a fortaleza e a igreja; no segundo, o da mineração, com as barracas, a roça, a ermida; no terceiro, o do desenvolvimento agrícola e comercial, com o rancho de tropeiros, a venda e a capela; mas, ao desdobrar-se este último ciclo, ao ritmo acelerado do progresso, a cidade começa com a bomba de gasolina, a agência bancária, o campo de futebol, o cinema e a igreja. Logo depois, apita a locomotiva na estação, traça-se o jardim da praça municipal, alindam-se os bangalôs residenciais.
Reparai, porém, numa constante: sob a forma de ermida, capela, ou igreja, de taipa, de pedra, de cimento armado, barrocas, românticas, góticas, modernas, a presença em toda carta geográfica da religião de Cristo.
Foi o maior patrimônio que o Brasil recebeu de Portugal.
*
No espaço de oito milhões e meio de quilômetros quadrados, as cidades brasileiras, por mais diversas que pareçam nos seus aspectos regionais, guardam no íntimo uma só fisionomia, falando, cantando e rezando na mesma língua, “última flor do Latio”, primeira flor da lusitanidade, da latinidade, na América.
Mas nem a identidade dos costumes, nem a uniformidade do teor de vida, nem o condomínio da terra nos dariam a nós, Brasileiros, uma consciência de origem e um sentido de destino histórico nacional e humano, como nos dá esta Fé em Cristo, que constitui o supremo instrumento de expressão da nossa alma de Povo.
Em cada cidade do Brasil canta o sino de uma igreja; em cada igreja está presente Aquele que penetrou a floresta na palavra dos missionários das brenhas selváticas; e, estando em cada igreja, está em cada um dos lares da Pátria, assim como no íntimo de todos os corações.
Sustentar o Seu Nome, e o Seu Ensino, e viver segundo o Seu Espírito, é sustentar a tradição lusíada e nacional brasileira, a honra da Nação e as suas próprias prerrogativas de soberania.[35]
Faz-se mister evocar o fato de que Plínio Salgado, que sempre condenou e combateu todas as formas de racismo, louvou, em Como nasceram as cidades do Brasil, a “nobre confraternidade cristã dos lusitanos com os povos do vasto império” que edificaram e o “matrimônio das raças”, ocorrido no Brasil sob esse espírito de confraternidade cristã,[36] observando que Iracema, lenda da fundação do Ceará, criada por José de Alencar, vem a ser uma “delicadíssima página” dessa nobre confraternidade, essencialmente cristã e lusíada.[37]
Como escreveu Plínio Salgado, Iracema, magno poema em prosa, “obra-prima de José de Alencar, escrita em linguagem ritmada e exuberante de imagens, exprime o simbolismo da formação étnica e social brasileira”. Por meio do cruzamento, a estirpe autóctone despareceu, permanecendo, porém, vivas as suas denominações geográficas e as palavras designativas das árvores, das aves, dos frutos e das flores. Em verdade, porém, em última análise, Iracema não morreu, pois “continua a viver no sangue do filho, condicionada à cultura, à fé religiosa, ao espírito lusitano”, como sua estirpe continua a viver no sangue do povo brasileiro, igualmente condicionada à cultura, à fé religiosa e ao espírito lusitano. É por isso, talvez, que Iracema é um anagrama de América.[38]
Iracema é, enfim, segundo Plínio Salgado, o próprio Novo Mundo, a “terra virgem que o Europeu devia desbravar”, enquanto seu filho, Moacir, “é o fruto de dois mundos que se amaram e agora vivem juntos no mesmo ser”, é o “símbolo da Pátria futura”, é “a profecia do grande Brasil”.[39]
Ao tratar dos bandeirantes da Vila de São Paulo do Campo de Piratininga, em páginas que fundem admiravelmente História, Tradição e Poesia, Plínio Salgado os comparou a águias, afirmando ser a humilde porém altiva e heroica Vila de São Paulo dos primeiros séculos da nossa História um “ninho de águias que devassaram todo o sertão, acometeram o mistério das florestas, dilataram o território da Pátria, fixaram os limites da Grande Nação Brasileira”.[40]
Como fez salientar Plínio Salgado, as bandeiras partidas da Vila de São Paulo do Campo de Piratininga fundaram diversas vilas e povoações que depois se tornaram cidades pelos sertões desta Terra de Santa Cruz/Brasil e também povoaram vilas já existentes,[41] tendo sido, pois, autênticos “plantadores de cidades”.[42]
Ainda como fez ressaltar o autor de A voz do Oeste (Plínio Salgado), as Bandeiras estabeleceram diversas estradas ligando o Brasil de Sul a Norte, exploraram os cursos dos nossos rios, transpuseram todas as serras, romperam com o Tratado de Tordesilhas, de acordo com o qual o Brasil não passaria de uma nesga de Terra à beira do Atlântico. Dilataram, enfim, “os horizontes da Pátria”, não se limitando à descoberta e exploração de ouro e pedras preciosas e tendo continuado “em terra a prodigiosa aventura dos navegantes de Sagres” e lançado “os alicerces da unidade nacional e da grandeza do Brasil”.[43]
Isto posto, cumpre sublinhar que Plínio Salgado, que era um profundo conhecedor da História Paulista e Brasileira, já no dealbar da década de 1920, nas páginas do prestigioso jornal Correio Paulistano, de que era redator, comparava a epopeia luso-brasileira das Bandeiras à anterior epopeia dos navegantes de Portugal, referindo-se aos bandeirantes como “argonautas divinos da nossa grande Epopeia”,[44] numa alusão aos heroicos nautas e guerreiros da Mitologia Helênica. E é mister assinalar, ainda, que, em 1934, publicou Plínio Salgado o há pouco mencionado romance A voz do Oeste, magnífico poema em prosa sobre a epopeia bandeirante, que inspirou Juscelino Kubitschek a edificar Brasília[45] e que, enquanto romance sobre a epopeia das Bandeiras Paulistas, só pode ser comparado à obra A Muralha, de Dinah Silveira de Queiroz, e, enquanto poema sobre a mesma epopeia, pode ser apenas comparado a O caçador de esmeraldas, de Olavo Bilac, a Os bandeirantes, de Baptista Cepelos, a Armorial, de Paulo Bomfim, e aos versos dedicados ao tema por Gerardo Mello Mourão, em Invenção do mar.
Não podemos encerrar a presente conferência sobre a obra Como nasceram as cidades do Brasil sem antes destacar o fato de que Plínio Salgado foi um ardoroso defensor do Municipalismo desde a mocidade, quando fundou, com Gama Rodrigues, o Partido Municipalista, sendo o Municipalismo, em verdade, pedra angular da sólida e profunda Doutrina política de Plínio Salgado,[46] Doutrina esta que, conforme observou Heraldo Barbuy, é necessária por firmar os autênticos conceitos do Homem, da Sociedade e do Estado,[47] e que se constitui, antes de tudo, como aduziu Francisco Elías de Tejada, numa “teoria da Tradição brasileira com traços de granítico castelo, destinado a suscitar adesões para quem queira em tempos vindouros conhecer a substância do Brasil”.[48]
Fechamos esta singela conferência assinalando que Plínio Salgado, este “descobridor bandeirante das essências de sua pátria”, na expressão de Francisco Elías de Tejada,[49] e “Bandeirante da Fé e do Império”, como escrevemos alhures,[50] deu e dá à Cultura Brasileira, na grande obra que é Como nasceram as cidades do Brasil, um admirável “roteiro”, por meio do qual muitos poderão descobrir a História e a Tradição da nossa Terra de Santa Cruz.

Por Cristo e pela Nação!

Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira,
São Paulo, 25 de abril de 2017-LXXXIV.


* Versão revista e ampliada da comunicação apresentada a 25 de abril de 2017 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), durante a XI Semana de Filologia na USP.


[1] Tal movimento foi e é o Integralismo, que se constituiu no primeiro “movimento de massas” da História do Brasil e formou o primeiro partido verdadeiramente nacional desde o ocaso do Império, bem como, na expressão de Gerardo Mello Mourão, o “mais fascinante grupo da inteligência do País” (Entrevista concedida ao Diário do Nordeste, de Fortaleza, em 24 de outubro de 1996. Disponível em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=414001. Acesso em 25 de abril de 2017).
[2] Gente de casa: retratos de homens & perfis de ideias, Lisboa, Sigma, 1948, p. 89.
[3] Idem, loc. cit.
[4] Sobre as atividades realizadas por Plínio Salgado durante o exílio em Portugal, bem como sobre o reconhecimento que ali recebeu dos mais altos vultos do pensamento católico lusitano: Augusta Garcia R. DOREA, Plínio Salgado, um apóstolo brasileiro em terras de Portugal e Espanha, São Paulo, Edições GRD, 1999.
[5] Fernando de AGUIAR, Gente de casa: retratos de homens & perfis de ideias, cit., loc. cit.
[6] Idem, pp. 111-112.
[7] Dentre tais ilustres portugueses podemos destacar as figuras de Hipólito Raposo, de Pequito Rebelo, do Conde de Monsaraz, do Visconde de Santarém, de Domingos Megre e de Leão Ramos Ascensão, todos destacados vultos do Integralismo Lusitano, movimento que reuniu, no dizer de Plínio Salgado, “a plêiade mais brilhante dos pensadores políticos lusíadas dos últimos tempos” (O agradecimento, in Uma reportagem histórica, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 196. Texto originalmente publicado no jornal A Voz, de Lisboa, a 23 de junho de 1946).
[8] O agradecimento, in Uma reportagem histórica, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, cit., pp. 197-198.
[9] Carta a Plínio Salgado, in Plínio SALGADO, Vida de Jesus, 22ª edição, São Paulo, Voz do Oeste, 1985, pp. IX/XI.
[10]  Um livro de Plínio Salgado, in Plínio SALGADO, Como nasceram as cidades do Brasil, 5ª edição, Prefácio de Euro Brandão, São Paulo/Brasília, Voz do Oeste/Instituto Nacional do Livro, 1978, p. 192. Texto originalmente publicado no jornal Idade Nova, do Rio de Janeiro, no dia 27 de outubro de 1946.
[11] Plínio Salgado. Disponível em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=398#.WQx_xNIrLIU. Acesso em 25 de abril de 2017.
[12] A Igreja e o pensamento contemporâneo, 4ª edição (com algumas notas inéditas), Coimbra, Coimbra Editora, 1944, p. 385.
[13] Gente de casa: retratos de homens & perfis de ideias, cit., p. 122.
[14] Lembranças de um amigo em Lisboa, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam", vol. II, cit., p. 101.
[15] Vida de Jesus, de Plínio Salgado, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, cit., pp. 146-147.
[16] Plínio Salgado: o homem, a atividade, a obra-prima, in in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II. São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 159.
[17] Plínio Salgado na Tradição do Brasil, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, cit., p. 52.
[18] Plínio Salgado ou a nova luta por Cristo, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam", vol. II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 129.
[19] [Orelha do livro], in Plínio SALGADO, Como nasceram as cidades do Brasil, 5ª edição, cit.
[20] Como nasceram as cidades do Brasil, 5ª edição, cit., p. 9.
[21] Idem, página não numerada.
[22] Um livro de Plínio Salgado, in Plínio SALGADO, Como nasceram as cidades do Brasil, 5ª edição, cit., p. 193.
[23] Idem, loc. cit.
[24] Idem, loc. cit.
[25] Idem, pp. 193-194.
[26] Prefácio, in Plínio SALGADO, Como nasceram as cidades do Brasil, 5ª edição, cit., p. XI).
[27] Encíclica Caritate Christi Compulsi. Disponível (em latim) em: http://w2.vatican.va/content/pius-xi/la/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19320503_caritate-christi-compulsi.html. Acesso em 25 de abril de 2017. A expressão “Nationem pietatis” foi traduzida como  “nacionalismo” em diferentes versões da Encíclica, como a italiana que consta do portal oficial do Vaticano (Disponível em: http://w2.vatican.va/content/pius-xi/it/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_19320503_caritate-christi-compulsi.html. Acesso em 25 de abril de 2017).
[28] Prefácio, in Plínio SALGADO, Como nasceram as cidades do Brasil, 5ª edição, cit., loc. cit.
[29] Idem, loc. cit.
[30] Idem, pp. XI-XII.
[31] Idem, p. XIII.
[32] Idem, p. XII.
[33] Idem, p. XIV.
[34] Como nasceram as cidades do Brasil, 5ª edição, cit., p. 20.
[35] Idem, pp. 163-165.
[36] Idem, p. 55.
[37] Idem, loc. cit.
[38] Idem, p. 56.
[39] Idem, loc. cit.
[40] Idem, pp. 96-97.
[41] Idem, p. 99.
[42] Idem, p. 101.
[43] Idem, loc. cit.
[44] O novo bandeirismo, in Correio Paulistano, anno , nº 21493, São Paulo, 11 de maio de 1923, p. 3.
[45] Cf. Juscelino KUBITSCHEK, Carta a Plínio Salgado, in VV.AA., Plínio Salgado: “In memoriam”, vol. I., São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1985, p. 223.
[46] Plínio SALGADO, Carta a Sylvio Jaguaribe Ekman, in Pedro PAULO FILHO, Campos do Jordão, o presente passado a limpo. São José dos Campos, Vertente, 1997, p. 70.
[47] Cf. A MARCHA, Plínio Salgado falou aos estudantes da Universidade Católica de São Paulo, in A Marcha, ano I, n. 26, 14 de agosto de 1953, p. 1.
[48] Plínio Salgado na Tradição do Brasil, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, cit., p. 53.
[49] Idem, p. 70.
[50] Plínio Salgado, Bandeirante da Fé e do Império. Disponível em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=71#.WQ-45sZv_IU. Acesso em 25 de abril de 2017.